Diálogos e questionamentos dos encontros com Caronte
Monday, March 28, 2005
Seguindo
Prossegue a viagem no tempo, segundo a visão linear. Inclui futuro, passado e presente. Só não há promessa. Talvez uma sugestão sob a forma de um lapso de crescimento da consciencia.
Uma manifestação dos pensamentos que utiliza a inércia dos átomos que se identificam, se espelham e espalham ao se congregarem envolvendo-se no ar, nos líquidos, nos sólidos, nos corpos que a ressoam, que a fazem, que a ouvem, que a ecoam, que a pensam.
Corpo, um veículo para o fantasma. Tangível pelos fantasmas que viajam cedo ou tarde em meu barco.
Teria seu corpo mortal o prazer de poder dividir momentos com um pensamento sem corpo? Se tens, priva-se dessa oportunidade?
A morte não seria apenas uma comprovação de que há vida? O mortal pede pela prova que não quer ver, na esperança de dizer que não consegue ver. Quão grande é sua frustração ao descobrir ser seu pior inimigo.
Sair da caverna, mesmo que seja por pouco tempo, e pelas redondezas é se expor. A escuridão da caverna é morta, apática. Fora dela há luz e escuridão também, mas ambas com vida.
O medo deve sempre ser feio? O medo deve sempre ser temido? O medo deve sempre ser enfrentado? O medo não serve sempre pra nos fazer aprender alguma coisa a qual evitamos? Então o medo é bom? Se crescemos com ele então o que temos de forte maduro e belo se deve à ele?
Acima o ar, abaixo a água, ao meio o que os divide. O barco corta a água, atravessa percursos nela, mas mesmo assim não a atravessa. O começo de ambos é incerto e o final, a superfície da água tão visível, é totalmente variável.
Nomes, lugares, formas não importam. Relacionar-se com suas existências importa.
Quanto dura um eco? É o som que o produz. Então quanto dura o som? O som termina, então? Onde? Que som? Então o tempo tem comprimento? Meus cumprimentos à eternidade.
Dentre todos os mundos, terá acesso à muitos. Não se prenda aos outros, nem os despreze. Até o gelo amorfo é estilhaçado para que mude. Melhor não esperar ser estilhaçado.
Location: Rio Styx (Estige), Acesso ao mundo de Hades
Um velho barqueiro que transporta os mortos no seu barco. Levo-os ao reino de Hades.
...e alguém que não sabe viver sem sua angústia, e que vê no velho seu espelho, tendo os mortos como testemunha.